sexta-feira, 12 de abril de 2013

Minha relação com a religião e seus ídolos

(Sem título, montagem digital, 2013)
A religião, especificamente o cristianismo sempre esteve presente na minha vida de forma importante.

Na infância, acreditava cegamente no êxito espiritual oferecido pela igreja evangélica que frequentava com a minha mãe e família.

"Nossa Senhora da Revolução",
montagem digital, 2007
Na adolescência, meus interesses e questionamentos deixaram de caber naquele ambiente de terrível obediência e auto-menosprezo. Nas coisas que aprendia sobre anarquismo, socialismo e veganismo, então, passei a buscar a ética que conheci no cristianismo, o "ajudar o próximo", a humildade, a luta do oprimido, etc, mas me levantando ferozmente contra a Igreja que "prega a passividade, o medo, e a ignorância".

Já no fim da adolescência, veio a terceira fase da minha caminhada espiritual. Com a crise dos 20 anos veio a queda de toda a fé numa ética que até então se mostrava como absoluta para mim. As conexões entre os princípios cristãos e o anarquismo e veganismo caíram por terra, não havia mais certo e errado, o Deus que conheci na infância apresentava os primeiros sintomas da fase terminal de sua doença degenerativa, e com ele apodrecia também toda a moral na qual eu apoiava meu engajamento na vida. Agonizava o DEUS, nascia o EU. Conheci outras religiosidades, hinduísmo, tantra, taoismo  entre outras. Achei linda a visão metafísica que coincidentemente estava presente em diversas "escolas" espirituais orientais e que começava a se mostrar pra mim na física moderna, através principalmente dos escritos de Fritjof Capra. Cabe citar aqui que "O Lobo da Estepe" de Hermann Hesse e a vivência da Educação Gaia tiveram papel crucial nessa ruptura.

detalhe de "Mais café, senhor?", colagem, 2007
Mais tarde conheci "Deus e o Estado" de Bakunin, Max Stirner, "O mal estar na cultura" de Freud, Nietzsche com sua denúncia e oposição à herança socrático-platônica na nossa cultura e, Sartre e seu existencialismo e, finalmente, a vivência da Somaiê (ou Somaterapia). Então a citação "Deus está morto! E quem o matou fomos nós!" nunca fez tanto sentido. Acho que esse é o início (ou pelo menos a enunciação)  de uma quarta fase na minha jornada espiritual, na qual admito que tudo é escolha, inclusive o que é certo e o que é errado, qualquer ética ou moral foi criada por alguém, tem um fundo arbitrário, e cabe a nós optar por ela ou criar nossa própria moral.

Nunca me considerei ateu, mas sempre admiti minhas tendências ateístas, além de me declarar anticlerical desde a adolescência.

Mesmo com todas essas mudanças ao longo dos anos, a aversão a imagens religiosas sempre foi um elemento presente na minha vida. Começou com a educação evangélica/protestante, que tradicionalmente rejeita o culto a imagens, e mais tarde esta aversão encontrou grande espaço na cultura Punk. Lembro-me muito bem da imagem da Virgem Maria  pisando na cabeça de uma cobra, na creche que eu frequentava, e de como aquela imagem violenta me chocava. Eu não entendia direito o motivo dos maus tratos ao animal, a expressão de dor da serpente me comovia muito mais do que a expressão de amor da santa. Lembro-me também dos Jesuses crucificados nas paredes e como para mim era explícito o erotismo naquela imagem esbelta e seminua, ao mesmo tempo que era sofrido ver as feridas naquele corpo.

Hoje, continuo profanando ídolos religiosos (especificamente judaico-cristãos) por diversão, militância ou pura petulância. E busco  uma espiritualidade e um anarquismo (ou anarquia) empíricos,  não algo em que acreditar, mas algo para se viver no agora, sem metafísica, apenas experiência.
8 de março, montagem digital, 2007

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Experimentos Informalistas

("Contraponto #01" - pastel oleoso, tinta acrílica e colagem sobre papel, Março/2013)


Comecei, no fim do ano passado, uma série de experimentos não-figurativos inspirados no informalismo e neo-expressionismo. 

Misturando as influências de Antoni Tapies, Jean Dubuffet, J. M. Basquiat, Kauê Garcia e outras colagens punks e dadaístas, tenho produzido com frequência obras como essa acima que intitulei "Contraponto #01".

Nessa obra, as cores e os materiais foram interagindo livremente, criando camadas de ritmos que se encaixaram, como numa música onde os instrumentos, tocando melodias distintas, se complementam.

Estes experimentos surgem justamente com os experimentos plásticos da minha filha Helena, de um ano e meio de idade, que cobre com garatujas os papéis, as paredes e o chão quando pega um giz ou qualquer coisa que rabisque.

Em breve, mais rabiscos.

domingo, 3 de março de 2013

universoimagéticopulsanteemconstantecriação


Este blog anda meio abandonado...
Mas não parei minhas produções, faltou organização e atitude pra publicar aqui o que andei produzindo.
No segundo semestre de 2012 comecei a realizar uma nova frente de ações, chamada Negativo. Trata-se de uma série de experimentos com imagens, videos, textos e sons "em negativo", evocando a ideia de ser "Do Contra". Em novembro realizei a exposição do projeto no Centro Cultural da Juventude, tendo sido contemplado pelo edital Ocupação, do próprio CCJ. O projeto continua, atualmente estou me organizando para voltar a pintar e filmar obras desta série.

Esta colagem que posto aqui foi feita em meio às obras do Negativo, mas não pertencendo à série. É a capa de um caderno que fiz pra Thaiane Cristine em novembro.

Agora, mais tarde, vejo que ela tem ligação com algumas outras que já produzi (antigamente e recentemente), utilizando figuras religiosas, santos, Jesuses, Marias, etc... Talvez venha aí, mais pra frente, uma série (anti)religiosa.

Essa minha relação com imagens religiosas... acho que fica pra próxima postagem!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Reprodução de obra de Banksy na casa de Elânia Lima e Angélique Duruz. Foi um fim de semana muito divertido!